Especial: 1.000 km com a Harley-Davidson Street Glide para o HOG 2014
Daqui pra frente quando eu vir os batedores da polícia parando o trânsito, seja qual for o motivo, vou me transportar para a viagem de moto que acabo de fazer e aguardar a liberação da pista sorrindo. Oras, no dia-a-dia quando estou de carro sou obrigado a parar ou desviar o caminho porque está acontecendo alguma coisa, uma corrida de bicicleta ou de pedestres (manifestações atualmente nem se fala!). Por que então não aguardar um grupo de motociclistas que estão indo para uma senhora comemoração? Com o maior prazer.
Para os leitores que (ainda) não andam de moto, esqueça por um instante todo o estresse que é dividir a pista com os outros veículos (uma falta de respeito mútua) e imagine um caminho sem cruzamentos e semáforos, uma estrada praticamente livre. Imaginou? Esta foi a viagem que fizemos nos dias 28 e 29 de abril para participarmos do National H.O.G. Rally (Harley Owners Group) 2014, evento que começou com essa trip e do qual falaremos adiante.
Antes cairmos na estrada, gostaria de contar uma pequena história. Tenho 57 anos, ando de moto desde meus 19, e me considero um usuário comum. Sempre utilizei minhas motos para locomoção e lazer, mas desde o início nunca tinha visto as Harley-Davidson com bons olhos: “barulhenta, pesada, antiquada, não faz curva”… Tudo isso eu ouvia dizer, mas nunca havia andado em uma. Mês passado a Harley nos concedeu para avaliação uma Night Rod Special e, antes de testá-la, peguei um folder de 70 páginas que recebemos no último Salão Duas Rodas e li de ponta a ponta. Daí já comecei a ver a HD de forma diferente, aumentando minha vontade de andar na Night Rod. Infelizmente, minha agenda não “bateu” com a do editor Daniel Messeder e acabei não tecendo comentários para a reportagem. Bom, agora imaginem só a minha empolgação quando, dias depois, ele me convidou para cobrir o H.O.G 2014?
A partir do convite, a ansiedade virou entusiasmo e retornei ao folder para uma nova leitura. À esta altura, frases impressas ali como “Não estamos trancados em um escritório projetando motocicletas” e “Algumas pessoas se movem em um ritmo diferente, agem em um nível diferente” começaram a fazer sentido. Eu estava entrando no clima da coisa.
No dia 28 fomos cedo ao prédio da HD na capital paulista para retirar a “parceira”. Eu não sabia qual modelo seria e muito menos se “vestiria” bem nela (tenho 1,69 m e peso 65 kg). Pegamos a nova Street Glide 2014, simplesmente a HD mais vendida do mundo, também conhecida como “bagger” (bagageira), um ícone. Sentei, me posicionei e senti confiança apesar dos 2450 mm de comprimento e dos 371 Kg em ordem de marcha. Uma voltinha na cidade para me ambientar e, pronto, estava ainda mais animado para o dia seguinte, o início da viagem para Gramado (RS), onde aconteceria o H.O.G.
Às 05h30 da manhã nos encontramos na revenda Autostar de São Paulo, um dos 15 chapters (grupos do H.O.G. das concessionárias) que a HD tem no Brasil, onde recebemos as instruções e partimos. Teríamos o apoio de um carro da concessionária e a já comentada escolta da polícia federal em todo o evento. Contando com os batedores, éramos 70 motos e dois utilitários. Para evitarmos os transtornos do trânsito seguimos pela rodovia Castelo Branco, onde acessamos o rodoanel e seguimos para a Régis Bittencourt. O trabalho dos PRF em conjunto com os chapters nos deixava bem à vontade, neutralizando todos os encontros com os demais veículos.Nossa velocidade seguia sempre conforme a sinalização, deixando o conta-giros entre 2 mil e 3 mil giros independente da marcha que me encontrava. Cheguei a seguir alguns trechos em quinta como se estivesse em sexta (os dígitos indicadores de marcha encontram-se abaixo do hodômetro). O motor tem um ronco agradável e o barulho não incomoda. Pelo contrário, é instigante ouvir o grave “thruhruhruhru” do V2 de 1.690 cc (ou 103 polegadas cúbicas), que mesmo em baixa rotação empurra Street com vontade. Afinal, são nada menos que 14,4 kgfm de torque a 3.500 rpm. A potência não é divulgada mas, quer saber, é mais que suficiente para te dar prazer. O engate das marchas, este sim, é barulhento porém preciso. A embreagem hidráulica é suave, mas colocar em neutro quase sempre foi um problema – é preciso treinar.
Aos poucos fui me sentindo em casa e posicionando a Street nas curvas como se tivesse só meia pista. Aliás, só tínhamos meia pista mesmo, porque apesar da orientação inicial para formação em “x”, na prática não funcionou. Mesmo assim a “bagger” só ia pedindo mais e aos poucos já fazia o traçado por fora com total segurança.
Chegamos à cidade de Registro (SP) as 09h14, onde fizemos um “piquenique” oferecido pelo carro de apoio e alimentamos os “cavalos”. Foi quando zerei o hodômetro para a primeira verificação de consumo. À esta altura, com cavalo e cavaleiro ambientados, começo a verificar as reações de frenagem, que são dignas de nota dez. Os novos modelos touring da HD são equipados com sistema de freios ABS Reflex com atuação vinculada eletronicamente, ou seja, freia ambas as rodas quer se acione a manete direita (freio dianteiro) ou o pedal direito (freio traseiro). Este sistema equilibra a distribuição nas rodas conforme a intensidade do acionamento e a velocidade do veículo, atuando a partir de 32 km/h para não atrapalhar as manobras em baixa velocidade. Na prática, você sente a frente levemente “cumprimentando” quando se aciona o pedal traseiro e, mesmo apertando fortemente o dianteiro (nas velocidades praticadas na viagem) a frente não mergulha. Em resumo, a grandalhona freia de forma rápida e estável. E mais: basta acionar a manete com o dedo indicador direito, tal a leveza do conjunto.
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